segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Ela sempre passa aos domingos em frente da minha casa, à caminho da igreja em compasso com as pisadas firmes da mãe. Uma ninfeta linda. A mãe é gorda, tem varizes parecidas com azeitonas, cara de bull-dog e cabelos revoltosos. Mete medo a figura, uma guardiã perfeita para a beleza da menina.

Ela passa, olha de canto de olho sem diminuir a marcha. Eu pisco para ela, um leve aceno e vejo um sorriso inocente mal disfarçado no rosto jovem. Que sua mãe não veja. Nem minha mulher.

Hoje dei sorte. Encontrei-a sozinha no ponto de onibus. Um sorrisinho de quem não sabe oque dizer. Para tira-la do constrangimento de ter que iniciar a conversa, tomo a iniciativa:

- Nossa, como a vida é engraçada, não acha?

- Ahã

- Saber que você logo ficará igual a sua mãe é de doer a alma.

- ????

- É. A natureza não perdoa. Não tem jeito nem remédio.

- Idiota!

Entrou no onibus sem me olhar e sentou num daqueles bancos unicos. Um fora mudo.

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