sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

O HACKER!

Cecília chegou do trabalho com cabelos esvaírados. Tinha um sorriso gravado no rosto, a pele levemente ruborizada e andava como se flutuasse. Me deu um beijo rápido e , suspirando, disse estar exausta. Entrou no banheiro cantarolando Djavam.
- HUMMM...que aconteceu com Cecília? Desconfio que...
Furtivamente, me certifiquei que ela estava no banho (Dvajam?) e fui dar uma conferida em sua bolsa. Esparramei o conteúdo sobre a mesa da cozinha e com muita atenção, procurei por objetos que me dessem alguma pista desse comportamento estranho.
Preservativos, recibos, baton, cartão de visita do gerente do banco...
- Será que ela estourou o especial??
Sabonete de hotel...aspirinas, uma calcinha molhada, onde está?
É um momento delicado de toda relação. Não sabia como agir, não esperava isso de minha doce Cecília...talvez nem tão doce agora. Frustrado , guardei os objetos de volta na bolsa já sentindo uma certa vergonha de meu ato. Agora era abordar a situação , mas de que forma? Com energia ou complacência? Severo ou sereno? A angustia, a sensação de impotência, a indiferença dela entrando em casa merecia bem um tapa na cara, mas agindo assim eu perderia toda razão. Ela saiu do banho e passou por mim como se nada de errado houvesse.
- Você já jantou, Carlos?
- Não. Esperei por você.
- Perdoa amor, acabei fazendo um lanche no caminho.
Fiquei imaginando esse "caminho" , o quão suntuoso e anônimo deve ter sido. Raiva! Ali, imaginando tudo isso, levado por impulso incontrolável e auto-destrutivo, verbalizei minha certeza:
- Você chegou diferente hoje, estranha, está acontecendo algo que eu não sei e deveria saber, Cecília?
- Acho que não, pra mim tudo está normal. - Disse sem dar muita importância.
- Cecília, eu não nasci ontem, eu sei o que você anda fazendo.
- Será que sabe mesmo Carlos? Será que você sabe MESMO o que acontece ao seu redor?
Ela estava me desafiando, mudou a postura, estava visivelmente encurralada , era dar o golpe final.
- Você chegou quase duas horas alem do seu horário. Seu rosto estava diferente...
- Carlos eu ia te ...
- CALADA!
- ...
- Por fim, alem de seu comportamento estranho e atípico, você cantava Djavam...é duro pra mim isso, mas eu sei que você está usando DROGAS!
- ! InVelhoWeTrust
- Mas vou te tirar dessa, vamos vencer isso...- Disse a abraçando enquanto enchia os olhos de lagrimas e murmurei - Vou publicar um post sobre isso no blog e pedir ajuda aos leitores...
- Tá bom Carlos, seu sabichão, agora me deixe deitar que chego a estar com a buceta inchada de tanta maconha que fumei hoje...
- Tadinha.
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Blog não mata, só faz deixar de viver.

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