Nao sei como termina.
Fui "convidado" a participar de um simpósio sobre software pirata em São Paulo. A prefeitura aqui de Santos, está querendo informações sobre o assunto e meu chefe recebeu o convite:
- Putaquelparil(!) a chefe do gabinete quer que eu vá nessa bosta de simpósio! Não vou nem fudendo, isso é muito chato. Você vai no meu lugar, Alfredo!
- Mas chefe...
- Amanhã às oito no Centro de Convenções em São Paulo. E vá bem vestido que esses esquemas são cheios de merda...
- Mas chefe...
- Leva o Gol verde pra casa hoje.Vou agendar o carro agora!
Eu tenho roupas sociais. São clássicas calças cinzas e camisas discretas. Não uso roupa assim há um século. Pedi pra minha mulher dar uma passada nas roupas e fui olhar os sapatos. Meu ultimo exemplar de sapato social encontrava-se socado no fundo do armário. Uma graxinha aqui, outra ali e ele ressuscitou.
As oito do dia seguinte eu me encontrava tomando um café na padaria que ficava na frente do Centro de Convenções em São Paulo. Chovia e fazia frio. Terminado o café, fui estacionar o carro. Uma corridinha rápida ate o veiculo e senti meus sapados se afrouxando em meus pés. Aconteceu que as linhas de costura estavam podres e o calçado foi-se pra casa do caralho. Liguei pra meu chefe e expliquei a situação. Ele veio com a solução:
- Acho que tem um par de botas da prefeitura no porta malas. Dá uma olhada lá.
- Tem mesmo. E novas. - Falei abrindo o plástico das botas - Humm é 42. Vai ficar apertado, chefe, calço 43.
- Porra! É um numero só, deixa de merda também. Primeiro implora pra ir nesse simpósio, agora fica me enchendo o saco com detalhes...
- Mas chefe...
- Alfredo, estou ocupado aqui, não me aborreça! - e desligou o telefone celular.
Calcei as botas. Não ficaram feias, tinham um desenho tradicional e não comprometiam minha aparência. O aperto era suportável e fui pra aquela roubada. Na entrada do evento, quatro seguranças recolhiam os convites e distribuíam as credenciais informando sobre as localizações. Coloquei o crachá e entrei. Disparou um alarme e tomei um susto do carallho. Um segurança se aproxima:
- Senhor, o detector de metais. Tem algo metálico consigo?
- Errr...não sei, acho que não. - O segurança pede educadamente que eu entre pelo portal outra vez:
BIP BIP BIP BIP BIP!!!!!
- O senhor tem algo de metal. Alguma prótese no corpo??
- Não, não tenho próteses. Que estranho. Isso não esta com defeito não??
- Não, esta funcionando perfeitamente. Teremos que revista-lo.
Uma pequena fila começa a se formar pelo aguardo de meu caso. Algumas pessoas já me olham em reprovação. Achei meio embaraçosa a situação quando mais dois seguranças se aproximam com interesse. Eu tentei me identificar:
- Olha, eu sei que é seu trabalho, mas não tenho arma alguma comigo. Pode me liberar que trabalho na prefeitura de Santos.
- Lamento. Sem revista , o senhor não pode entrar.
- Porra, e vão me revistar aqui na frente de todo mundo? Que mico é esse?
Um segurança aciona o radio e começa a falar. Não entendo o que ele diz, mas deve ser a meu respeito. Outro tenta segurar meu braço. Fico irritado e me desvencilho:
- Vai se fuder, rapaz! Que porra é essa de me segurar??? Larga meu braço que estou tra-ba-lhan-do!
Senti um golpe na nuca e não vi mais nada.
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