quinta-feira, 18 de agosto de 2005

A campainha toca. Não sei porquê, ouvi esse blém-blém milhares de vezes e ele nunca me soou tão sinistro. Sinto um calafrio correr minha espinha, levanto de um só pulo do sofá e ando vagarosamente até a porta da sala. Puxo a cortina e espio assustado. Era o carteiro...ufa! Os agiotas ainda não encontraram meu endereço, que bom!
Saio um pouco mais aliviado, de longe grito um ´´fala, chefe!`` pro homem dos correios, gente fina, sempre trocamos umas palavras quando ele entrega a correspondência, mas dessa vez não; ele estava diferente, eu podia sentir. Não me olha nos olhos, dá um sorriso amarelo, em seguida esconde os dentes, olha para meus pés e faz um não com a cabeça. Discreto, mas mesmo assim um não. Aquilo não cheira bem, certamente mais um agradecimento do DRT ao Engov Senior, o campeão brasileiro de tomar multas. Não, não era isso. Recebo a correspondência; Josué, o carteiro, balança novamente a cabeça e se retira sem graça, dizendo uma frase que gela minha alma:
´´-E-eu...eu...sinto muito...``

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