segunda-feira, 21 de novembro de 2005

Um dia desses estava eu mais uns vizinhos meus, conversando, quando a filha deles, de 4 anos, estava contando o que ela fazia na escolinha dela. Perguntaram do que ela brincava lá e ela falou que brincava de "grávida". Todo mundo ficou se perguntando o que era essa brincadeira, daí ela falou que ela era a "filha" de uma colega dela. Alguém falou, "ah, mas então vcs brincam de casinha, não é?", e ela respondeu que não, que ela era a "filha" da colega dela, e que ela fazia faculdade e tinha um namorado. Daí foi que ninguém entendeu direito, mas algum imbecil fez alguma pergunta que acabou mudando de assunto e ela não continuou com a explicação.
Pelo que deu pra entender, elas deveriam brincar de ser uma mãe com uma filha adolescente, que faz faculdade e engravidou do namorado.
Fiquei me perguntando "de onde porra elas inventaram essa brincadeira?". Que exemplo maldito elas devem ter, pra brincar disso, em plenos 4 anos?
Já se foi mesmo o tempo onde tínhamos brincadeiras sadias.
Quando eu fazia a terceira série, nós, da classe, brincávamos de uma coisa que nós mesmos tínhamos inventado. Se chamava "demônio das trevas". A brincadeira era num pátio de terra e capim, que tinha uma baita duma pedrona. O "demônio" ficava sentado na pedra, de olhos fechados, enquanto iam dois moleques, pra abrir a porta da "tumba" do demônio. Enquanto um abria, o outro puxava o que abriu a porta, correndo. Daí o demônio saía correndo atrás de todos. Quem ele pegava derretia. E a gente fazia armadilhas no capim, amarrando aquelas inflorescências, pro demônio vir correndo e tropeçar.
Antes de tudo isso, quando eu estava na primeira série, eu ía numa psicóloga, e ficava fazendo uns desenhos, enquanto ela ficava analisando. Eu desenhava muitos monstros, robôs, cenas de morte e destruição. A psicóloga, um dia, perguntou pra minha mãe se tínhamos problemas em casa, se a mãe e o pai brigavam muito, eram violentos, se eu apanhava, etc. Se ela soubesse que eu era um dos maiores fãs do Jaspion e dos Comandos em Ação que já passou pela face da Terra, ela não teria feito essa pergunta.
Voltando a questão da menininha e da brincadeira de "grávida", o pai dela contou que faz de tudo pra que ela não escute essas bostas de músicas do Latino ou esses funks cariocas imbecis, pra menina não achar isso normal e crescer deturpada, quando, num dia que ele foi buscar ela na escola, estava tocando "Festa no Apê" dentro da escola, porque as monitoras delas, um bando de adolescentes sem-noção estava escutando na rádio.
Não adianta. Por mais que vc crie seu filho do modo que vc quer, sempre virá alguém pra foder com tudo. Será que a criança vai achar normal ir pra faculdade, namorar um cara e ficar grávida? E o pior de tudo é que, talvez isso seja uma das histórias das monitoras cabeças-ocas que trabalham lá. Vai ver que alguma delas é a "grávida original" da brincadeira das meninas.
Se eu fosse o pai dela, num acesso de fúrias, por foderem a educação da minha filha, eu saía correndo atrás das monitoras e as pegaria, pra que elas derretessem dolorosamente até a morte.

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