segunda-feira, 15 de maio de 2006

D.C.
Existem tradições sagradas no domingo de Jerusalém. Visitar a sinagoga bem cedo e guardar o dia pra descanso são algumas delas. Já eu, que era fariseu, tinha meus próprios cultos. Ir a feira livre pra comer pastel é sagrado. Também havia a tradição do frango assado e do jogo as quatro horas que não podiam ser quebradas . Afinal, nem era muito ruim ser fariseu. Depois de pregar na praça publica, Jesus me acompanhava ate a barraca do japonês. Eu estou comento uma coxinha e Jê tomando um caldo de cana:
- Velho, Deus esta muito bravo. Quer uma oferenda pelos pecados desse povo.
- Me passa o vinagrete. Ele está puto é?
- (ARROUT!) Perdão. Está bravo mesmo Velho. Agora não sei o que fazer. Deus quer 500 pessoas mortas em sacrifício. - Eu peço um pastel de carne seca à japonesinha:
- Porra, quinhentas pessoas?? O cara tá revoltado mesmo.

O Diabo tinha conhecimento do pedido de Deus e pra sabotar seus planos, montou um ONG de direitos humanos. Ele estava na feira distribuindo folhetos e incitando o povo:
- Que Deus é esse que quer matar quinhentas pessoas??? - O povo parecia apoiá-lo e o Diabo se enchia de brios - Isso é um absurdo!! Se eu fosse Deus, pediria só uns duzentos!
Jesus observa o Diabo e pensa alto:
- De certa forma ele tem razão. Vou falar com Deus...
- Opa! To nessa! - Falei - Paga o japa aí, Jê.

Fomos ate o monte das Oliveiras e Deus aparece na forma de Pedro de Lara e avisa:
- Estou irritado hoje. Que vocês querem?? - Eu receio algum piti do Pedrão:
- Eu não quero nada, isso foi idéia do Jê! - Digo me retirando. Jesus me segura:
- Calma, Velho. - Ele dirije-se a Deus - Pai, temo que esses sacrifícios trarão alguns inconvenientes. O Diabo anda agitando a cidade em função de seu pedido. - Deus não esta muito interessado:
- O Diabo que se foda! Mas não volto atrás. Se vira que eu quero a oferenda. Caso contrario, contamino as águas da Galileia com sal. - Eu tento ajudar:
- Jê, a gente arranja quinhentos pilantras e manda pra Deus.
- Mas Velho, vai ser difícil arranjar toda essa gente. - Diz Jesus com preocupação na voz. Deus mantem-se de braços cruzados e nos observa com cara de cu doce. Eu concluo me despedindo:
- Vem Jê, isso eu resolvo. Um abraço Deus, logo o senhor vai ter seus sacrifícios - Deus me olha e diz fazendo beicinho:
- Acho bom mesmo...

No caminho de volta a Galileia eu explico a Jesus:
- Vamos ate o congresso. Tem uma moeda aí, Jê?
- Tenho. - fala Jesus confirmando os bolsos da túnica.
- Então tá tranqüilo. Lá você faz o milagre da multiplicação com a moeda. Vamos fazer uma armadilha com moedas e pegamos alguns políticos. Depois, seguimos ate o senado e conseguimos os restantes.
- Entendi.

Colocamos moedas no cofre de doações a Santa Casa de Jerusalém que ficava na arena do congresso e deixamos a combinação do aparato no chão. Fomos aguardar alguém morder a isca na taberna. Meia hora depois, Deus junta-se a nos :
- Queria agradecer o sacrifício. Já estou saciado. - Ele levanta a mão no balcão e pede - Trás mais um copo. - Jesus pergunta surpreso:
- Como assim? - Deus reponde sorrindo enquanto se serve de vinho:
- Ué, vocês não me deram quinhentas pessoas em oferenda?
Jesus lamenta passando a mão sobre os próprios olhos:
- Todos deputados?? Não havia inocentes entre os quinhentos?
Eu dou um longo gole de vinho, limpo a boca no braço e digo a Jesus:
- Jê, nenhum político é inocente. - Me viro e digo a Deus - Paga mais uma rodada?? É que estou duro...e depois manda o Diabo enfiar a bandeira de direitos humanos no cu, tá!
- Ate pago um rodada, mas não agrado o Diabo nem fodendo...

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