quarta-feira, 7 de novembro de 2007

ARRANJO



Dia difícil. Ontem, não hoje. Ficar a tarde em casa, jogando GTA San Andreas. Porra, tem uma missão difícil pra caralho lá. Mas o que me tirava a concentração era o lance do emprego. Eu precisava do emprego. Eu não sou o Velho, que tem até PS3. Ainda tou pagando as prestações de um monte de contas. Sem falar nas tesudas que trabalham lá. Nossa, tem cada uma!

Como não tinha nada pra fazer, tomei um vinho (sim!, vinho! mulher exige vinho!) acompanhado, tive uma ótima noite de prazeres. Levei ela em casa. Voltei, assisti uns vídeos, vi umas fotos, bati uma punheta e fui domir, pensativo no dia de hoje.

Cheguei mais cedo. É normal quando não estou bem, quando estou assim "pensativo". Naveguei nuns blogs, dei uma lida nos jornais. Era um clima de despedida. Não havia chegado quase ninguém ainda. Fui até a máquina de café, que tanto me carregou nas costas durante estes anos todos. Sempre que eu chegava 'tungado' do dia anterior, enchia a cara de café. Ah, delícia. Peguei o copo, quase que virei de nervosismo. Porra, ter que dar o cu pra ficar no emprego? É foda. Literalmente! Deixei o copo na pia. Eu não ia lavar mesmo, afinal de contas eu iria sair. Não me rebaixaria a tanto. Mas Joel, prestativo, disse: "Deixe aí que eu lavo para você".

Na hora não liguei. Voltei para minha sala e aí o estalo veio na minha cabeça! Joel é o tio da limpeza aqui. Muita coisa começou a fazer sentido... Se eu for promovido, ocuparei o cargo diretamente abaixo do meu chefe, o que significa que estaria SEMPRE na cola dele. Ele, obviamente, não gostaria disto. Segundo ponto: ele também já comeu a Cidinha!! Como não lembrei disso ontem? Ele foi um dos primeiros (é claro!, é chefe, porra!). Ou seja: ele não é viado! Terceiro ponto: aquele churrasco.

Eu lembro como se fosse... bem, eu não lembro bem. Afinal, isso foi há uns cinco meses. Já disse que aqui tem muitas confraternizações. Fizemos um churrasco no fundo do escritório, numa área aberta. Um, não... vários. Mas falo deste em específico. Foi uma comemoração de não sei o que, que todas as filiais comemoraram. A nossa foi regada a carne e cerveja. E chamaram parentes próximos e amigos íntimos para a festa. Deu quase cem pessoas, acho. Muito cheio, muito lotado, criança correndo e derrubando prato no chão, moleque gritando. Uma zona! E eu, meio bêbado, dei um sanfanão num desses pirralhos. Xinguei outros. O pior foi quando, apertado devido à quantidade de cerveja, saí correndo pro banheiro. No caminho atropelei uma criança. Não foi de propósito, mas ela veio correndo e eu tropecei nela, sem ver.

Caímos ambos no chão. Ela, a criança, ficou berrando e chorando. E eu, bêbado, mijei nas calças de tanto rir... Se eu tivesse sóbrio, tudo bem, teria me compadecido e ajudado a peste! Mas não!! Tinha que estar bêbado... tinha que ter visto a criança capotando, rodando no chão, e eu escorregando feito jaca podre... chorei de rir, mijei de rir. Ainda bem que ninguém me filmou todo mijado. Haahaha... lembrando até hoje rio. Aquele moleque é filho do Joel. Acho que ele nunca me perdoou depois daquele dia. Ele já não gostava de mim, passou a me odiar. Eu sempre o via se esgueirando na minha sala. Sério, acho que esse pessoal da limpeza tem algum problema.


Mas, no meu lampejo de lembranças, me veio de um certo dia. Estava em direção ao banheiro, que é no fundo do corredor, o mesmo onde peguei (ou quase, né?) a Cidinha. E estavam o meu chefe e o Joel conversando. Naquele dia pensei que fosse fila de espera (vai saber!?). Na certa eles estavam combinando algo para mim. Tinha certeza disso. O negócio é: me demitindo, ambos sairiam ganhando!

Eu só precisava de uma prova, de algo concreto. Já disse que aqui tem muitos aparatos tecnológicos? Fazemos conferências on-line, usamos Skype e voIP entre outras coisas. Tudo 'invenção' minha aqui! Deve ser por isso que a matriz quis me promover. Bom, ontem à noite, num dos vídeos que assisti, o cara se esconde num armário para flagrar a ex. E eu achei a idéia boa.

Como não tinha chegado ninguém aqui ainda (eram umas 7h45), resolvi armar a cilada. Programei o PC do chefe para iniciar a transferência automática e interminável de imagens pela cam dele. Tudo que fosse feito ali seria filmado. O que fosse dito seria ouvido. Eu só precisava de um álibi, de um chamariz, na verdade. Peguei meu celular:

- Cidinha, preciso de um favor.
- Vai se fuder!
- Vou ser mesmo, se você não me ajudar.
- O que eu ganho com isso?
- Quer ser promovida?

Ela hesitou na resposta. Era o que eu esperava mesmo. Um sorriso na hora se abriu na minha face. Uma esperança apareceu. Agora são dez horas da manhã. Se der certo, amanhã conto o que aconteceu hoje.

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