sábado, 23 de fevereiro de 2008

Por um mundo melhor.


Meu nome é Theodoro. Com um AGÁ entre o T e o E.
Não, esquece, me chamo Firmino . Sei que deve ser meio estranho mudar de nome assim de uma hora pra outra, mas isso acaba de me acontecer. Sigamos em frente, agora já caminho por uma calçadinha, dessas que tem duas laterais de grama e arvores bem galhadas, altas e meio desfolhadas acompanham o gabarito da rua. Deve ser outono. O é. Deve ser na América. Pode ser.
Tenho algo no bolso lateral, me incomoda um pouco, confiro e suspeito que seja uma arma, o que seria ideal, uma pistola automática. É um celular, um Motorola de primeira geração numa deselegante capa de couro. Uma merda de celular velho. Assusto quando ele toca e o atendo por instinto:
- Alo? - A voz que me responde é familiar, quase intima:
- Firmino, temo não ter boas noticias para você.
- Sim.
- Vê aquele ônibus que vem chegando, o escolar?
Olho para o fim da rua e realmente se aproxima um ônibus escolar.
- É. Vem vindo um ônibus...
- Esse ônibus vai matar você.
- Como?!? - Observo o ônibus trafegar calmamente pelo centro da rua. Ele não me parece com nenhuma intenção de fazer algo nocivo. É um ônibus escola, porra!
- É isso mesmo, Firmino. Você vai estar parado aí na calçada e um pouco antes do ônibus passar por você, a caixa de direção dele vai se romper. Mas você não terá uma morte imediata com o atropelamento, vai estar vivo por alguns momentos, falar talvez uma ou duas frases, depois disso é o fim.
Ouço quase submisso. Por mais improvável, parece ser plausível...na verdade não tem nada de plausível nisso, eu morrer assim de uma hora pra outra...caralho! O ÔNIBUS!
Eu não senti dor, foi muito rápido. Pessoas falam "Meus Deus", "Ajuda!", "Rápido!", tudo em vão. Tomara que o Theodoro tenha mais sorte, tem sido assim ultimamente, personagens ficam por ai à toa e, desavisados, acabam caindo na mão de algum medíocre sem idéias, como acontece agora comigo.
- Deviam proibir os blogs...

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