segunda-feira, 30 de agosto de 2004

Infelizmente acabou

Espero realmente que todos tenham tido a oportunidade de ter visto e entendido o grandioso e maior espetáculo esportivo que a raça humana pode produzir. As Olimpíadas de Atenas além do apelo de ter sido realizada na casa dos seus inventores veio em um momento em que o mundo todo assistia e ainda assiste a uma violência desmedida e deliberada que desponta, amarga e rancorosa, ao menor sinal de não aceitação ou diferença.
Os jogos vieram para desdizer um pouco isso tudo. Reuniu 10 mil espécimes da humanidade que por sua reconhecida técnica e perícia estavam ali, representando suas pátrias, carregados de orgulho vontade e vitórias.
Cada um destes já chegou na Grécia vencedor. São e foram os melhores entre os melhores. As bandeiras serviam apenas e juntamente para dizer que a diferença que existe é meramente espacial, geográfica, territorial e lingüística. Apenas, porque a maior virtude humana está na vontade, na capacidade e no caráter.
Somos capazes de gostar e de adorar um semelhante. Amamos alguns pela vida até. E qual é a diferença desse ser que amamos para aquele que odiamos por causa de sua bandeira, cor, língua, religião e modo de vestir. Nenhuma. Por dentro, no que toca a vontade, queremos o mesmo, viver, estar e ser paz.
Foram dezessete dias de paz, naquela bolha chamada Olimpíada. Esportistas travaram os mais difíceis duelos e derrotaram os menos capazes, mas no fim venceram todos. A diferença do esporte para a ignorância da violência burocrática e idiota, no sentido literal do termo, é simples: na guerra suja das pessoas, o inimigo é agredido e deve ser coagido pela supremacia do seu poder. No esporte, o adversário é seu companheiro mais importante, pois dele depende a superação de seu próprio limite. E no fim, ao contrário das mortes e mutilações advindas de explosões tiros e estampidos, vem um abraço de agradecimento, o reconhecimento no choro que vence e do que perde, como se dissesse , em um silencio ensurdecedor, ao outro ser humano: Obrigado, amigo, por ter me ajudado a ter vencido a mim mesmo.
As medalhas dignificam e presenteiam os melhores, os exemplos a serem seguidos. Exemplos como o do vôlei masculino brasileiro que mostrou o tempo todo que era o melhor do mundo e fez jus a sua supremacia, como o coreano vencedor do taekwondo, que enfrentou um gigante grego, de dois metros de altura e teve a técnica e paciência para nocauteá-lo e depois abraça-lo, levantando-o do rasteiro da derrota para traze-lo de volta a seu povo, agradecendo a ele por poder fazer parte de sua própria vitória. E o exemplo maior da olimpíada que ao meu ver veio na maratona. Exemplo de como o fanatismo e a inflexibilidade levam sempre ao erro.
Resumo da maratona: por mais que se mostre o errado e a violência pelos cantos de nosso planeta, estes atos não são o real, podem não ser isolados, mas o normal e o comum são a paz, a corrida pelo certo. O maluco que atrapalhou o brasileiro contribuiu mais que atrapalhou. Ele provou ao mundo que fanatismo, agressão e incompreensão não combinam com a natureza humana. E que a humanidade, como todo brasileiro, não vai desistir nunca.
Olimpíada é a concentração máxima de uma virtude humana chamada esporte. E o esporte mais completo que existe é viver em paz. Pratique! Pratiquemos pois. E que a paz das olimpíadas não seja realidade apenas de quatro em quatro anos.

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