
Mais uma vez cedo à minha falta de personalidade. Maldita mania de não conseguir dizer não para esse tipo de proposta. Agora que achei uma garota legal e estava mais calmo, o capeta dá um jeito de aparecer mais uma vez para atazanar minha felicidade. Sempre a mesma coisa, amigos, sempre os amigos:
- Tá bom, tá bom, por 10 faço a entrada dos dois, mais dois drinks cada! - Fala já sem paciência o porteiro daquele antro de pecado.
- Fechado. - Responde meu amigo. A porta se abre vagarosamente e a fumaça junto da música de Beyonce praticamente nos hipnotiza, um convite para os braços de Satã.
Dois duros numa zona. Situação corriqueira, minha vida toda foi assim, na maior parte das vezes acaba na punheta das gostosas ou comia as barangas que eram as mais baratas, e dessa vez não parecia em nada diferente das outras.
- Uísque Chanceler, por favor...ãh, a pulseira? F, tem um F. Obrigado...
A stripper no palco tinha marca de cesariana recente, não consigo olhar. Um velho com um buquê de rosas distribuia-as uma a uma às beldades, a maioria delas largada no colo de seus clientes, bêbadas, descabeladas, com cara de serviço feito. E pensar que já me apaixonei por uma dessas antes... enfim, truques femininos.
- Se meu cartão passasse com certeza eu subia com você, meu anjo... ? Fala meu chegado com uma gordinha paraibana no colo. Ela rebolava em seu colo ao mesmo tempo em que massageava minha genitália.
- Ôxi, intaum vamu vê, mininu! ? Pegando-o pelo braço e o arrastando até o caixa. Tento impedí-lo com um discreto olhar de reprovação e uma balançada de cabeça, mas era tarde demais. Desencano.
Não deveria estar nem ali. Homem que trai mulher não é homem, é um verme. Uma mulher que se entrega ao homem espera dele companheirismo, amor e, principalmente, honestidade. Não estava sendo honesto nem comigo nem com ela, assim como não gostaria que ela fosse num clube de mulheres ficar roçando suas nádegas em gorilas de sunga e...
- Passou! Passou o cartão, tá afim? Tem um crédito bom, arruma uma qualquer e sobe logo, que eu tô indo!
Segundos que parecem anos. Corro desesperado pela zona procurando alguma com feição de alfabetizada ao menos. Curiosamente a música tema do ambiente agora era ´´Garoto de Aluguel`` na voz de Belchior, alguma ironia do destino. Uma loira, cabelos curtos, boca enorme, seios pequenos e belas coxas expostas no balcão. A agarro pelo braço e saio andando, ela grita assustada ´´quarenta reais antes, quarenta reais!?
Estou nu num quarto imundo, privada entupida, chuveiro gelado lavando a cabeça do pau. Baby (sim, era seu nick) rebolava tentando parecer sensual, só de calcinha. Elogio seu piercing no mamilo esquerdo do seio mínusculo, ela sorri e agradece.
- Adoro homens barrigudinhos, sabia? Adoro sentir uma barriga batendo na bunda enquanto fico de quatro! ? Diz a santa donzela enquanto saca um Marlboro light para acender. Tomo cigarro e isqueiro de sua mão e acendo enquanto ela me chupa vertiginosamente. Um fio de baba estica entre sua bocarra e a cabeça de meu pênis, visão do inferno. Tenham certeza, o inferno está cheio dessas visões.
Deitado, alcoolizado, meia-bomba. Mesmo assim a safada cavalga e faz a coisa funcionar. Enjôo daquele movimento todo, muito esfroço, ânsia de vômito, maldito uísque vagabundo. Jogo-a de lado e gozo na sua bunda enorme com marca de dentes ( e não eram meus dentes).
Ela toma banho, eu me visto suado e fedido mesmo, como todo homem de verdade deve fazer pós-coito. Ela me fala algumas coisas de sua vida que não dou a mínima e pergunta, com a toalha enrolada na cabeça, o que faço da vida.
- Nossa, um editor de imagens? Você tem cara de polícia federal, feioso, malvado, bruto...
- Sou o completo oposto, um alcoólatra vagabundo e maconhista...
- Nossa, sério?!? Iupiiiiii!!! Tô com um beck aqui na bolsa, quer fumar ?
- Que jeito...
Desço as escadas completamente chapado, ainda com tempo de tomar uma Bavária quente de R$5,00 antes de ir pra saída. Meu amigo beija sua garota ao vivo, para espanto e gargalhada dos presentes. Chego em casa 3:00 da manhã e ligo para o meu amor, completamente chapado, dizendo que havia acabado a partida de RPG que jogava na casa de uns amigos...
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