Abobra entrevista
E.R.T, mais conhecido na night brasiliense como Xandi (17 anos), é filho de deputado distrital e sua mãe é alta funcionária do STJ. Mesmo vindo de uma família de classe média alta, ele é o chefe de uma das gangues de pichadores mais violentas em Brasília. Preocupado com o que anda acontecendo com os adolescentes brasilienses, o Abobra conseguiu entrar em contato com E.R.T, que aceitou fazer a entrevista em troca de um taco de baisebol importado.
Abobra - É fato que você é o cabeça da maior gangue de pichadores em Brasília. Quais os motivos que levaram você, filho de uma família de classe média alta, a ingressar no mundo da marginalidade.
Xandi - Porra véi, já começou mal. Marginal é quem mora nas cidades satélites. Aqui na nossa área tem pobreza não. Tem as paty, que dão moral pra quem tem fama nas gangue, esse lance de ficar em casa jogando video-game e batendo punheta na internet é coisa de "looser". A gente tem grana pras drogas, grana pra comer as mina cheirosa num motel, e não precisamos roubar de ninguém.
Abobra - Então o lance de gangue é pra atrair as mulheres ?.
Xandi - Não só as putinhas daqui da Asa sul, mas tem aquele lance de ser respeitado entre a galera no colégio, na rua, na boate. Filho da puta vem das quadras 410 a 416 pichar nossos muro só pra provocar, tem que usar da violência mesmo.
Abobra - O que vocês acham da campanha "Picasso não Pichava"
Xandi - O pai do Biquinha, nosso brother, tem um Picasso preto, o carro é bala, mas meu pai falou que ano que vem vai me comprar um Golf se eu passar no vestiba.
Abobra - Como você consegue assimilar os estudos e suas atividades noturnas ?
Xandi - Porra véi, vestibular em faculdade particular não precisa estudar não. Mas meu pai tá vendo uns esquemas aê talvez eu não precise estudar muito pra entrar na UNB. Estudar é pra loosers.
Abobra - Você deve ter ouvido falar no filho da Valéria Velasco, que tinha 16 anos,quando morreu após ter sido espancado por uma gangue de adolescentes na Asa Norte. Você acha certo esse tipo de atitude ?
Xandi - Cara, num sei. Eu ouvi falar nessa parada, mas o lance é não bater muito forte na cabeça. Semana passada demos um prensa num muleque da 215 sul, que tava pichando na nossa área, dizia que era do Guará, mas batemos no puto sem dó. Ele tá vivo, tinha resistência física. Aqui em Brasília, se você é adolescente tem que ter resistência física. Esse carinha que você falou, acho que não aguentou o tranco.
Abobra - Além de estudar e de comandar a gangue, o que mais você faz nas horas vagas.
Xandi - Curto muito malhar com a galera lá na Academia ******, tem a galera do jiujitsu, as minas que descolamos na night, e as porrada nas boate que vez ou outra tem que rolar uns corretivo. E falta pouco pra Micararêêêêêêêê ! Aêêêêêê !
Abobra - Valeu Xandi, e a equipe do Abobra lhe deseja um futuro promissor, longe de toda essa violência.
Xandi - Valeu cara, nois sabemo que o lance agora é curtir, mas eu sei que futuramente quero mecher com política, trabalhar para o povo mesmo. Cuidar dus pobre, e acabar com essa violência nas cidades satélites. Lá é tão violento, que nem tenho coragem de sair daqui do Plano. Se um dia eu for governar esse barraco vou acabar com essa palhaçada nas outras cidades.
Abobra- Filho de político, político é. (risos)
Xandi - (risos) Tem esse peixe aê. Papai sabe o que faz.
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