quinta-feira, 16 de março de 2006

01.

Hoje de manhã indo pro trabalho, percebi que a administração do meu bairro resolveu cortar o mato da área que separa minha quadra pra estação do metrô no Guará. O mato nem estava tão grande, em alguns lugares batia na altura da minha cintura, mas foi o bastante pra descobrirem o corpo de uma adolescente semi-nua a apenas 300 metros da estação. Tinha muitos curiosos no local, uma pessoa estava sentada no chão chorando, devia ser conhecida da vítima, mas nem se importou em cobrir a nudez da garota deitada sobre a vegetação que lhe formara uma cama, e parecia que a dúzia de pessoas ao redor pareciam estar satisfeitas com a falta de roupa da vítima. Achei uma falta de respeito. Peguei umas folhas de um exemplar do Correio Brasiliense que carregava na minha mochila e cobri o corpo.

Ela aparentava ter uns 15 anos, a pele estava muita branca, mais ainda por causa da palidez mórbida. Os olhos castanhos e opacos estavam abertos. Não vi sangue, não vi hematomas, apenas seu corpo nu sobre o chão frio de uma manhã de quinta-feira. Teria sido estuprada, teria sido drogada, não tenho a mínima idéia, não sou perito criminal, amanhã eu leio o jornal, deve ter alguma notícia sobre ela. Fui pra estação de metrô, olhei pra trás e o vento rasteiro jogou o jornal que a cobria pra longe. Mais curiosos chegavam, será que alguém ligou pro 193, 190 ou 199 ?

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