segunda-feira, 20 de março de 2006

04.

Não fico apenas me masturbando e pensando em bobagens. Meu sábado e domingo padrão é preenchido com longas pedaladas.Tenho até meios de comprar um carro, mas comprar pra que ? Durante a semana passo 12 horas por dia em frente de computadores, se fosse me locomover com algum veículo automotivo, com certeza me tornaria um maldito obeso. Então ando bastante a pé e pedalo muito. Mas não pense que pela falta de um carro, eu não consiga pegar nenhuma mulher. Felizmente em Brasília a maioria das mulheres tem carros, e elas acham o máximo dar carona para homens. E as que conheço não medem esforços pra vir até meu bairro, até minha quadra suja e me levar para as baladas. Tudo assim, bem fácil.

Voltando ao assunto, nesse domingo fui pedalando até a casa da minha amiga Beatriz. São 8 kilometros de percurso entre o meu bairro e a quadra dela na Asa Sul. Mas antes passei no cemitério Campo da Esperança pra acompanhar o enterro da Adriana que aconteceu só nesse dia porque o IML liberou o corpo só no sábado a noite. No jornal de manhã estava escrito assim em uma pequena coluna no caderno de notícias da região "Adolescente morreu de overdose". Nas curtas linhas abaixo que se seguiam, detalhava que fora encontrado sêmen em seu corpo e que talvez ela tenha morrido antes do ato sexual. Mórbido.

No funeral, tinha muitas pessoas, talvez mais curiosos do que conhecidos por causa da pequena repercussão nos jornais. Então a vi morta pela segunda vez. Sua linda face pálida e muda aparecia envolta de flores amarelas, então me veio novamente a primeira visão de seu cadáver sujo e quase nu abandonado sobre o verde do mato. Não fiquei pra acompanhar o cortejo fúnebre, pra mim essa história agora teve um fim. Não achei saudável ver uma mesma garota duas vezes morta, afinal de contas o que fui fazer no cemitério ? Não vou negar que tive a havida sensação de que talvez conhecesse Adriana. E foi esse o papo que tive com Beatriz.

- Talvez você precise de um psicólogo.
- Quem sabe eu precise de um baseado. Tem erva aê ?
- Tem dentro da minha bolsa preta em cima da minha cama.
- O lance é que eu nunca vi uma mulher morta.
- E isso te fascina ?
- Não.
- Então porque não esquece ?
- Não sai da minha cabeça.
- E ela era bonita ?
- Linda.
- Mais linda que eu ?
- Você quer que compare a sua beleza com de uma garota morta ?

Ficamos um tempo em silêncio enquanto preparávamos o baseado. Ela estava de pijama. Adoro garotas de pijama, ainda mais porque ela não usava calcinha, e seu sexo ficava lindo sobre o fino tecido.

- Seus pais chegam que horas ?
- Eles estão no sítio, só chegam a noite. Mas pode esquecer que não vai rolar nada.
- Uma rapidinha.
- Gregório, eu to gostando de um cara. Acho que não rola da gente ficar transando.
- Você arrumou um namorado ?
- É. To curtindo o cara. Acho que você devia arrumar uma namorada. Tu já ta com quantos anos ? 25 ? Já é hora de um compromisso.
- Vou fazer 25 mês que vem.

Ficamos apenas fumando e conversando o domingo inteiro. Somos amigos, não queria estragar uma amizade de anos por causa de sexo, então nem forcei a barra. Se está amando fico feliz.

O namoradinho dela até que é gente fina, chegou no fim da tarde pra levar ela no cinema. Me deu carona até minha casa. Botou a bicicleta em um suporte que ele carrega no carro. Carro bonito. Importado. O cara é forte, diz que faz Triatlon e luta Jiujitsu. Nem ficou enciumado, deve ter pensado "Devem ser só amigos mesmo, acho que a Beatriz não me trairia com essa tripa de gente". Confesso: não sou boa pinta que nem ele. Sou magro e encurvado. Não estou me sentindo inferior, apenas um pouco infeliz porque vou ter que riscar um nome da minha listinha de bucetas, e olha que não são muitas.

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