sexta-feira, 31 de março de 2006

Rumo.

Segui o homem da mochila do trabalho e depois ate sua casa. O porteiro do prédio disse seu nome: era Gregório. Voltei pro centro e fui ter com o Pai de santo que me orienta:
- Com o nome, você faz bastante coisa. Com uma peça de roupa mais ainda. Revire o lixo, procure coisas intimas. E faça o pedido no cemitério. Você deve entender o que quer fazer.
Pedi a bênção e já saia apressado. O pai de santo retira e beija sua guia. Depois a coloca delicadamente no pescoço de uma imagem em tamanho natural de Exu e me pergunta sem olhar:
- João, onde anda Maria Cecília?
Eu já esperava a pergunta e tinha a resposta na ponta da língua.
- Foi pra Goiás. Ver um trabalho.
- É estranho. Ela não me disse nada... - Olhei provocativo para o negro de quase dois metros. Sabia que numa possível luta, eu seria desfavorecido. Mas cedo ou tarde eu teria que vingar a traição. Mas ainda não era hora, eu precisava dele:
- E porque ela falaria disso a você? Creio que não é de sua conta. Ou é?
O negro foi pego em culpa. Pareceu-lhe demasiadamente estranha a pergunta de João.
- É ...não, não é de minha conta.
- Certo.

Primeiro você agrada o santo. Acende uma vela pra ele achar a oferta. Serve comida que ele gosta, canjica, farofa, pipoca. E cachaça da boa. Depois pede conforme o presente.
Mel pra a coisa ser lenta e grudenta. O perfume pra esconder a intenção. Pano vermelho deixa assanhado. A pata do caranguejo deixa a vida parada. O pé da galinha dá doença misteriosa. Roupa com pólvora é pra cair em cana. Calcinha com açúcar desfaz casamento. Foto com sangue de bicho morto na hora é pro infeliz ter com a morte.

Envelope com nome escrito em pedaço de papel de pão e selado com visgo, pra perder interesse sexual. Hoje mesmo Gregório recebe uma carta. O resto fica pra amanhã no cemitério.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Abobra Diário.