quarta-feira, 31 de outubro de 2007

No fundo eu acabo concordando que estou doente. Minha mulher sabe que eu bebo demais e acha que vem daí minhas alterações súbitas de humor. Mas creio que ainda sei onde é meu problema, e não é a bebida.

Meus subordinados andam até me evitando. Não é bom ficar mais que cinco minutos perto de mim. É o tempo que preciso para achar algo que me faça explodir - Falta de sexo é o meu problema - Um dia sem já me deixa num estado deplorável, preciso recorrer a métodos manuais nada honrosos para alguém de minha idade e posição. O dia demora a passar e descarregar a raiva neles não é o melhor remédio, mas muito divertido. Que canalha eu sou, que divertimento sórdido.

De repente me pego olhando a idiotinha da recepção. Um tipo de cabelos loiros, mas ralos e maltratados que só a porra. Falante, gorda e de rosto feio. Simpática, mas burra feito um jegue no calvário. Fala e ri, ri e fala.Quando está sozinha, liga baixinho um radinho de baixo da escrivaninha, e um Jeito Moleque, Araketu, Sorriso Maroto e Katinguelê a deixa com aquela cara de boba alegre num sorriso de boca torta. Chega a nem me perceber, enquanto os outros fogem da minha sombra. Até capaz de sorrir pra mim se me ver. Dou meia volta e sento pensativo em minha poltrona. Nunca deve ter namorado, a pobre.

Procuro o número da floricultura na lista e mando entregar um cesto com rosas e uma caixa de bombons com forma de coração, junto de um bilhete anônimo. Que canalha eu sou, que divertimento mais sórdido! Preciso me tratar. Lúcia que me aguarde.

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