terça-feira, 25 de março de 2008

Ando pelas ruas com os olhos fechados. Acendo sem problemas meu cigarro, sei que estou parado em frente à casa de Danuza e posso adivinhar quanto tempo meu guia demorará. Vou repassando os diálogos do dia e apreciando o aguçar constante de minhas habilidades. O cheiro do fumo, de urina na parede e o bafo quente que sobe do bueiro contrastando com o vento frio. Um buzina ao longe, uma freada forte e o som da batida. Longínquo como jamais veria com os olhos, vejo sons tomarem formas. Uma criança chora, alguém caído. Há uma moto no chão. O motorista do carro desce, verifica a pulsação do homem. Meus ouvidos aguçados percebem um aproximar lento e cauteloso e minha mente forma a imagem, com detalhes aos olhos amarelos a me vigiar sob o muro.


- Está atrasado, Beehemoth - Digo

- Miau – Matamos o homem? Mata ele!

- Não. Hoje não! Vejo que não é o dia dele ainda.

E caminhamos na escuridão, ao som de sirenes do resgate.

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