quinta-feira, 31 de julho de 2008

Paralelo.


Emilio ajeita as calças e com a serenidade dos satisfeitos, observa Silvana nua a procura de uma veste na roupa de cama embaralhada. Agora ele já nota que seu corpo não é assim tão formoso como a dez ou quinze minutos, uma mancha ali, uma marca acolá, uma cicatriz feia e costurada sem o mínimo capricho também indica uma cesária, ou duas, ou três. Por fim, abre a carteira e deixa a paga sobre uma penteadeira com espelho manchado. Já saindo do quarto e sem pressa, ele estende o braço ate o topo de um armário de roupa, tateia e acha seu revolver, que logo é enfiado nas costas de sua cintura.

- Vou indo. - Disse destrancando a fechadura do apartamento. Silvana vem saltitante em sua direção, já enfiada numa enorme camisa de algodão com um NY2KK estampado pouco abaixo altura dos seios. Dá um sorriso nervoso para Emilio enquanto mexe numa pequena bolsa e pergunta quase sem querer sem entendida:

- Você entrega esse dinheiro pro seu Ferreira pra mim?

Emilio reconhece sua nota de vinte, mais três de dez surgem amassadas de dentro da bolsa. Ele enfia o dinheiro no bolso sem conferir e fala olhando Silvana que desvia o olhar:

- O cara gordo da portaria.

- É. Ele me emprestou. É só entregar.

- Me pega um copo d’agua.

- Hã??

- Água. Gelada.

Silvana tinha um andar diferente, às vezes parecia pular feito um pardal, noutras dava impressão de ter uma perna menor que a outra pensou Emilio vendo a moça ir ate cozinha. Tirou o maço fino do bolso, uma nota de vinte, três de dez, ajeitou as faces do dinheiro e os deixou como um leque sobre a televisão de vinte polegadas. E desceu deixando a porta de numero 303B aberta.


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