quinta-feira, 1 de setembro de 2005

KARCHER

A perigosa mistura de cerveja vagabunda e aqueles bolos de pão de forma com patê, não estavam fazendo muito bem pro meu intestino. Os gases se formaram e suplicavam por liberdade. Só que eu não ia peidar na frente da menina. Não na cara dura. Pedi licença pra loira e aleguei que ia verificar se o carro estava ok. Quando passei no meio na sala, liberei a bufa mortal. Eu ia andando e sentindo todo poder devastador do flato. Por mais perigoso que seja fazer isso em publico, você não pode privar as pessoas de apreciar seus cheiros internos. E quem procura um canto isolado pra peidar ou é egoísta, ou viado mesmo. O que eu não sabia era que os moleques iriam perceber.
- Caralho, aquele tiuzinho passou aqui e deu um peido nervoso! Mas que filho da puta!
- Putz, esse cheiro foi o playboy??!? Tá louco, meu! O cara morreu!
- O véio apavorou o ambiente!
- AUHHUAHUAHUHUAUHAUHAUA!
Raquel sente o delicioso perfume e reclama junto aos garotos:
- Nossa , vocês são uns porcos mesmo!
- Foi a gente não! Foi o tio do Gabriel. Nojento!
- AUHAUHUHAUHAUHAUHAUHAU!
Robson chega e pergunta irritado:
- Qual é a graça?? Cadê o tio do Gabriel? Caraio (!) que fedor é esse?
- Opa! É dele mesmo que estamos falando. O coroa passou aqui e soltou uma bufa pesada. Mó peidão esse velho!
- UHAUAUHHUAHUAUHAUHAUHA!
Robson não consegue segurar o sorriso , e apesar da desconfiança, voltou a churrasqueira, certo que Kátia não iria dar elo pra um velho sujo.

Nessa altura do campeonato da segunda divisão do Piauí, eu tinha alguns títulos bem notórios: Playboy, velho, nerd e peidão. Mas o que é um peido pra quem já esta cagado. Sim, porque a pressão interna vinha piorando e o cagão era inevitável. Mas cagar aonde? Nessa casa minúscula? Na hora que eu terminar a ?obra? e abrir a porta do banheiro, vão evacuar o local e me denunciar a Cetesb. Lá dentro, na festa, meu nome participava de dois diálogos diferentes. Em um , os moleques me zuavam pela flatulência e em outro, Kátia falava à Flavia:
- Nunca transei com coroa. Será que ele dá no couro?
- Olha, uma vez eu dei pra um cara casado lá do prédio. Foi de tardezinha, quando a mulher dele tinha ido no mercado, coisa de meia hora. Ele tava mandando bem, mas brochou na quinta trepada. Deve ser a idade. Ou ele era meio bicha mesmo...
- Humm. Quantos anos ele tinha?
- Uns trinta e lá vai fumaça.
- Deve ser a idade do Velho. Vou ver o que faço e te aviso. Você controla o Robson se eu der uma escapadinha.
- Tranqüila!

10:00hs. Resolvi que era hora de encerrar minha noite. Entrei na sala e procurei Gabriel. Um grupo colocou os dedos no nariz e me apontou rindo, pelas minhas costas. Encontrei o garoto conversando com uma guria.
- Gabriel, chega aí.
- Fala.
- Vamos embora.
- Agora??!? Nem fudendo!
- Vamos, caralho, tenho que dar uma cagada!
- Porra, caga aí no banheiro. O pessoal é limpo. Deixa de frescura, meu!
- Vou cagar aqui porra nenhuma! Quero cagar em casa. Vamo!
- Perai então!

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