quarta-feira, 12 de abril de 2006

Um momento romantico no Abobra.

Lua cheia.

Não era pena nem dó. É que eu não tinha mais tesão nela. Após quatro meses de namoro, paciência era o melhor adjetivo. Trepava sem inspiração e pra fazer sexo oral, era um suplicio. Mesmo assim eu não tinha como falar isso.
Estamos no antigo barzinho onde nos conhecemos:
- Jorge Laércio, eu sinto que você está distante, não sei, tem algo errado em nossa relação.
Quando eu ouvi essa frase sair de sua boca, ensaiei a despedida, mas as palavras me faltavam e eu não concluía nada. Bebi um gole de chope e disse sem vontade:
- Que bobagem, Marluce Clélia. Não tem nada de errado não.
E a falta de verdade, se fez no começo de choro, no lábio tremulo de Marluce.
- Eu sei que tem algo.
Eu sou sincero demais. Mas às vezes não consigo agir assim. Não quero machucar ninguém, dizer o que está errado, apontar defeitos pra justificar meus sentimentos. Afinal , que tenho eu de melhor que outra pessoa. Também erro, também peco. Mas existe uma forma de acabar algo sem deixar marcas? Resolvi ser honesto comigo mesmo:
- Marluce, me acende o cigarro.
- Acender como se eu não fumo.
- Ué, dragão não cospe fogo?
Acho que Marcule entendeu. Me bateu com a bandeja de batata frita na cabeça e saiu do bar falando alguns impropérios. Meu nome é Jorge, mas não sou santo.

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