quinta-feira, 25 de setembro de 2008

QUINTA DO POEMA TOSCO

Ela era a moça que tocava na orquestra
E eu sou o cara que só limpava o chão
Até o dia em que eu espiei pela fresta
E a vi puxando um enorme baseadão

A moça quando ficava ligadona
Tocava piano, clarineta e violão
Sóbria era totalmente mandona
Mas ali era somente inspiração

Olhou pra trás e viu meu rosto velho
Arregalou os olhos com muita irritação
Eu nem consegui dizer: "calma, mulher"
E já vi ela puxando aquele trezoitão

Tentei correr pra longe que nem um louco
Mas o gatilho era apertado em sua mão
Tiros tiravam fino da cabeça por pouco
Não sei como escapei dessa inteirão

Tentei e disse: "calma aê, mulher!"
Ela, chapada, parou na contra-mão
Disse pra ela: "tou do seu lado, qualé?"
E ela entendeu o que eu queria, então

Sentamos no piano sem roupas
Cada um com soltando um fumação
O maestro corno entrou na sala
E mandou nós dois pra demissão

A moça da orquestra disaprovou
Pegou de novo o seu trabucão
Afinou e mirou bem seu instrumento
E soltou uma azeitona no quarentão

Desde então ela é mundialmente foragida
E eu sou testemunha ocular da ocasião
Ela vive viajando fumando a bagana
E eu continuo o cara que só limpa o chão

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